Como somar anos de alegria à sua expectativa de vida
Nos estudos sobre longevidade, duas expressões em inglês rapidamente ganharam espaço nos debates: lifespan, isto é, a expectativa de vida, e healthspan. Esta última se tornou um desdobramento natural da discussão, pois se refere ao número de anos vividos com saúde. Afinal, viver muito, mas sem qualidade de vida, é mais um ônus do que um bônus. Agora, a gerontóloga norte-americana Kerry Burnight criou uma nova “camada” nesse bolo: joyspan, que pode ser traduzida como “anos de alegria”. A gerontóloga norte-americana Kerry Burnight, autora de “Joyspan: the art and science of thriving in life´s second half” Divulgação “Não me refiro a uma alegria do tipo êxtase, que soa como positividade tóxica. Para mim, joy é um sentimento de contentamento, de bem-estar, que vem de dentro. Justamente por ser algo interno e não depender das circunstâncias, tem o potencial de ser uma constante, permitindo que possamos apreciar a vida mesmo diante dos desafios do envelhecimento. Pesquisas mostram que quem nutre sentimentos positivos em relação à idade chega a viver 7.5 anos a mais”, afirma. Burnight, que deu aulas de medicina e gerontologia durante 18 anos na Universidade da Califórnia, acaba de lançar "Joyspan: the art and science of thriving in life´s second half” (“Anos de alegria: a arte e ciência de crescer na segunda metade da vida”, em tradução livre). Sua mãe, Betty, tem 96 anos e é uma fonte de inspiração, assim como a avó materna, Charlotte, que lhe proporcionou momentos mágicos na infância. A autora também se baseou na obra “O livro da alegria”, escrito pelo dalai lama e pelo arcebispo Desmond Tutu, que defendem que o contentamento é uma escolha – uma prática a ser cultivada. “Envelhecer significa enfrentar mais problemas de saúde, às vezes um diagnóstico sombrio. Significa lidar com o luto pela morte de pessoas próximas e, com frequência, com o isolamento e a insegurança financeira. Somos bombardeados pela indústria bilionária do antienvelhecimento com ideias negativas sobre a velhice, mas podemos mudar nossa mentalidade e a visão de que, nessa fase da vida, só há declínio e desconforto. A sociedade precisa exatamente do que os mais velhos têm a oferecer: o conquistaram com a experiência da idade”, enfatiza. Para ajudar a cultivar esse estado de espírito, a gerontóloga criou uma matriz fundamentada em quatro linhas de ação: Crescer: alimente a disposição para aprender e esteja aberto (a) ao novo, em vez de se aferrar a hábitos arraigados. Conectar-se: tome a iniciativa e cultive amizades, novas e antigas. Estar próximo de pessoas é uma das melhores coisas para o cérebro. Adaptar-se: aprenda a se adaptar, pois as situações mudam o tempo todo. Lamentar-se é uma opção, mas dificilmente a mais benéfica para sua vida. Dar: experimente doar seu tempo, atenção e carinho. Isso alimenta a alma. Para quem acha que não vai dar conta de tantas frentes, Burnight sugere escolher apenas uma ação para ser posta em prática, e diz que alimentar a curiosidade é sempre um bom começo: “faça uma lista de coisas sobre as quais gostaria de aprender e dê o primeiro passo para sair da inércia e voltar a crescer”, ensina.


Nos estudos sobre longevidade, duas expressões em inglês rapidamente ganharam espaço nos debates: lifespan, isto é, a expectativa de vida, e healthspan. Esta última se tornou um desdobramento natural da discussão, pois se refere ao número de anos vividos com saúde. Afinal, viver muito, mas sem qualidade de vida, é mais um ônus do que um bônus. Agora, a gerontóloga norte-americana Kerry Burnight criou uma nova “camada” nesse bolo: joyspan, que pode ser traduzida como “anos de alegria”. A gerontóloga norte-americana Kerry Burnight, autora de “Joyspan: the art and science of thriving in life´s second half” Divulgação “Não me refiro a uma alegria do tipo êxtase, que soa como positividade tóxica. Para mim, joy é um sentimento de contentamento, de bem-estar, que vem de dentro. Justamente por ser algo interno e não depender das circunstâncias, tem o potencial de ser uma constante, permitindo que possamos apreciar a vida mesmo diante dos desafios do envelhecimento. Pesquisas mostram que quem nutre sentimentos positivos em relação à idade chega a viver 7.5 anos a mais”, afirma. Burnight, que deu aulas de medicina e gerontologia durante 18 anos na Universidade da Califórnia, acaba de lançar "Joyspan: the art and science of thriving in life´s second half” (“Anos de alegria: a arte e ciência de crescer na segunda metade da vida”, em tradução livre). Sua mãe, Betty, tem 96 anos e é uma fonte de inspiração, assim como a avó materna, Charlotte, que lhe proporcionou momentos mágicos na infância. A autora também se baseou na obra “O livro da alegria”, escrito pelo dalai lama e pelo arcebispo Desmond Tutu, que defendem que o contentamento é uma escolha – uma prática a ser cultivada. “Envelhecer significa enfrentar mais problemas de saúde, às vezes um diagnóstico sombrio. Significa lidar com o luto pela morte de pessoas próximas e, com frequência, com o isolamento e a insegurança financeira. Somos bombardeados pela indústria bilionária do antienvelhecimento com ideias negativas sobre a velhice, mas podemos mudar nossa mentalidade e a visão de que, nessa fase da vida, só há declínio e desconforto. A sociedade precisa exatamente do que os mais velhos têm a oferecer: o conquistaram com a experiência da idade”, enfatiza. Para ajudar a cultivar esse estado de espírito, a gerontóloga criou uma matriz fundamentada em quatro linhas de ação: Crescer: alimente a disposição para aprender e esteja aberto (a) ao novo, em vez de se aferrar a hábitos arraigados. Conectar-se: tome a iniciativa e cultive amizades, novas e antigas. Estar próximo de pessoas é uma das melhores coisas para o cérebro. Adaptar-se: aprenda a se adaptar, pois as situações mudam o tempo todo. Lamentar-se é uma opção, mas dificilmente a mais benéfica para sua vida. Dar: experimente doar seu tempo, atenção e carinho. Isso alimenta a alma. Para quem acha que não vai dar conta de tantas frentes, Burnight sugere escolher apenas uma ação para ser posta em prática, e diz que alimentar a curiosidade é sempre um bom começo: “faça uma lista de coisas sobre as quais gostaria de aprender e dê o primeiro passo para sair da inércia e voltar a crescer”, ensina.