Deputado acusado de violência doméstica bate-boca com colegas, e sessão da Alesp é interrompida; VÍDEOS

Deputado acusado de violência doméstica bate boca com deputadas na Alesp O deputado estadual Lucas Bove (PL), que no último dia 26 teve o seu pedido de cassação por violência doméstica arquivado na Alesp, bateu boca com parlamentares mulheres nesta terça-feira (2). A discussão foi durante a sessão para referendar a indicação de Wagner Rosário para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Pelo registro em vídeo da sessão é possível ver que Bove, em pé, falava com a deputada Professora Bebel (PT), que estava sentada, enquanto a líder da minoria, Thainara Faria (PT), nomeava a deputada Mônica Seixas para falar em nome da bancada (veja acima). Deputado Lucas Bove (PL) bate-boca na Alesp Rede Alesp/YouTube Mônica se vira para falar com a dupla que conversava, e Bove passa a gesticular com a deputada, que vai ao microfone: "Eu interpelei o deputado Lucas porque ele estava insistentemente falando com a Professora Bebel com o dedo em riste. Eu pedi para ele se afastar, e ele começou a gritar comigo". Bove então interrompe a deputada: "Eu estou tendo uma conversa com a Professora Bebel, que é adulta, que é dona do seu mandato, que tem voto, que tem voz". Na discussão que se segue, Bove fica alterado e diz para a deputada: "Não vem encher o meu saco. Vai trabalhar!" (veja vídeo acima). A sessão foi interrompida. Um registro feito por assessores da minoria na Alesp mostra que o bate-boca continuou mesmo durante o período de pausa. "Vocês pegam causa séria e transformam em proselitismo político", grita o parlamentar (veja vídeo abaixo). Deputado do PL tumultua sessão da Alesp Procurada, a deputada Mônica Seixas relata ter havido uma cena de intimidação no plenário. "Eu só ouvi a Bebel repetir muitas vezes que 'não queria'. E aí, no que eu virei, vi o Lucas debruçado sobre a mesa dela com o dedo em riste, perto do nariz dela, falando para ela fazer, para ela falar, para ela convocar, e ela falando: 'Não, eu não quero'. Então, muito calmamente, olhei para a colega e falei: 'Deputada, a senhora está bem?' Ele bateu na mesa e começou a gritar comigo." "Tentar impor a uma mulher o medo no exercício da sua atividade é violência política de gênero", diz a parlamentar. A deputada afirma que vai entrar com representação contra o colega no Comitê de Ética da Alesp —foi dela a representação que pedia a abertura de processo por cassação do mandato de Bove por violência doméstica, que foi arquivada na última semana (leia mais abaixo)— e que também vai acionar o Ministério Público Eleitoral. A psolista já conseguiu uma condenação contra um colega por violência política de gênero. Em 2024, o ex-deputado Wellington Moura (Republicanos) foi condenado a pagar R$ 44 mil por danos morais e a fazer um curso de letramento de gênero por ter falado, dois anos antes, que colocaria um "cabresto na boca" da deputada. As deputadas Thainara Faria (PT) e Paula da Bancada Feminista (PSOL) manifestaram solidariedade com Mônica Seixas após o episódio e pediram o adiamento da votação da indicação do novo conselheiro do TCE por causa do episódio. À TV Globo, Bove reiterou as suas falas em plenário — de que a deputada faz proselitismo político com "causas sérias" — e a acusou de divulgar fake news. Pedido de cassação O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, em 26 de agosto, arquivar a denúncia contra o deputado estadual Lucas Bove (PL), acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter agredido a ex-esposa, a influenciadora Cintia Chagas. Chagas é uma influenciadora com mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e, no ano passado, prestou queixa contra o deputado e relatou uma série de abusos físicos e psicológicos durante o relacionamento de mais de dois anos que teve com o político. Ele nega as agressões (veja mais abaixo). A denúncia de violência doméstica chegou à Alesp depois que Mônica protocolou um pedido contra Bove, pedindo a cassação do parlamentar. Após análise do conselho, os deputados estaduais que formam o colegiado decidiram arquivar a representação por 6 votos contra 1. A única parlamentar que foi a favor da cassação foi Ediane Maria, também do PSOL. Votaram contra o prosseguimento da denúncia na Alesp os seguintes deputados: Oseias de Madureira (PSD) Carlos Cezar (PL) Dirceu Dalben (Cidadania) Eduardo Nóbrega (Podemos) Rafael Saraiva (União Brasil) Delegado Olim (PP) "Trata-se de um desserviço de membros da Alesp. Preocupados apenas com o corporativismo, com a autodefesa, homens públicos mostram indiferença às mulheres. Não é à toa que eu temia pela minha vida ao lado dele, o qual sempre afirmou que, por ser 'branco, com cara de rico e deputado, era imbatível'. Ele sempre disse que nada aconteceria com ele na Alesp", afirmou Cíntia Chagas, após a decisão do conselho. Em nota, a defesa do deputado disse que "se limita a afirmar a mais absoluta inocência do Sr. Lucas Bove, que brevemente será devidamente comprovada nos autos".

Set 2, 2025 - 21:00
 0  1
Deputado acusado de violência doméstica bate-boca com colegas, e sessão da Alesp é interrompida; VÍDEOS

Deputado acusado de violência doméstica bate boca com deputadas na Alesp O deputado estadual Lucas Bove (PL), que no último dia 26 teve o seu pedido de cassação por violência doméstica arquivado na Alesp, bateu boca com parlamentares mulheres nesta terça-feira (2). A discussão foi durante a sessão para referendar a indicação de Wagner Rosário para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Pelo registro em vídeo da sessão é possível ver que Bove, em pé, falava com a deputada Professora Bebel (PT), que estava sentada, enquanto a líder da minoria, Thainara Faria (PT), nomeava a deputada Mônica Seixas para falar em nome da bancada (veja acima). Deputado Lucas Bove (PL) bate-boca na Alesp Rede Alesp/YouTube Mônica se vira para falar com a dupla que conversava, e Bove passa a gesticular com a deputada, que vai ao microfone: "Eu interpelei o deputado Lucas porque ele estava insistentemente falando com a Professora Bebel com o dedo em riste. Eu pedi para ele se afastar, e ele começou a gritar comigo". Bove então interrompe a deputada: "Eu estou tendo uma conversa com a Professora Bebel, que é adulta, que é dona do seu mandato, que tem voto, que tem voz". Na discussão que se segue, Bove fica alterado e diz para a deputada: "Não vem encher o meu saco. Vai trabalhar!" (veja vídeo acima). A sessão foi interrompida. Um registro feito por assessores da minoria na Alesp mostra que o bate-boca continuou mesmo durante o período de pausa. "Vocês pegam causa séria e transformam em proselitismo político", grita o parlamentar (veja vídeo abaixo). Deputado do PL tumultua sessão da Alesp Procurada, a deputada Mônica Seixas relata ter havido uma cena de intimidação no plenário. "Eu só ouvi a Bebel repetir muitas vezes que 'não queria'. E aí, no que eu virei, vi o Lucas debruçado sobre a mesa dela com o dedo em riste, perto do nariz dela, falando para ela fazer, para ela falar, para ela convocar, e ela falando: 'Não, eu não quero'. Então, muito calmamente, olhei para a colega e falei: 'Deputada, a senhora está bem?' Ele bateu na mesa e começou a gritar comigo." "Tentar impor a uma mulher o medo no exercício da sua atividade é violência política de gênero", diz a parlamentar. A deputada afirma que vai entrar com representação contra o colega no Comitê de Ética da Alesp —foi dela a representação que pedia a abertura de processo por cassação do mandato de Bove por violência doméstica, que foi arquivada na última semana (leia mais abaixo)— e que também vai acionar o Ministério Público Eleitoral. A psolista já conseguiu uma condenação contra um colega por violência política de gênero. Em 2024, o ex-deputado Wellington Moura (Republicanos) foi condenado a pagar R$ 44 mil por danos morais e a fazer um curso de letramento de gênero por ter falado, dois anos antes, que colocaria um "cabresto na boca" da deputada. As deputadas Thainara Faria (PT) e Paula da Bancada Feminista (PSOL) manifestaram solidariedade com Mônica Seixas após o episódio e pediram o adiamento da votação da indicação do novo conselheiro do TCE por causa do episódio. À TV Globo, Bove reiterou as suas falas em plenário — de que a deputada faz proselitismo político com "causas sérias" — e a acusou de divulgar fake news. Pedido de cassação O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, em 26 de agosto, arquivar a denúncia contra o deputado estadual Lucas Bove (PL), acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter agredido a ex-esposa, a influenciadora Cintia Chagas. Chagas é uma influenciadora com mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e, no ano passado, prestou queixa contra o deputado e relatou uma série de abusos físicos e psicológicos durante o relacionamento de mais de dois anos que teve com o político. Ele nega as agressões (veja mais abaixo). A denúncia de violência doméstica chegou à Alesp depois que Mônica protocolou um pedido contra Bove, pedindo a cassação do parlamentar. Após análise do conselho, os deputados estaduais que formam o colegiado decidiram arquivar a representação por 6 votos contra 1. A única parlamentar que foi a favor da cassação foi Ediane Maria, também do PSOL. Votaram contra o prosseguimento da denúncia na Alesp os seguintes deputados: Oseias de Madureira (PSD) Carlos Cezar (PL) Dirceu Dalben (Cidadania) Eduardo Nóbrega (Podemos) Rafael Saraiva (União Brasil) Delegado Olim (PP) "Trata-se de um desserviço de membros da Alesp. Preocupados apenas com o corporativismo, com a autodefesa, homens públicos mostram indiferença às mulheres. Não é à toa que eu temia pela minha vida ao lado dele, o qual sempre afirmou que, por ser 'branco, com cara de rico e deputado, era imbatível'. Ele sempre disse que nada aconteceria com ele na Alesp", afirmou Cíntia Chagas, após a decisão do conselho. Em nota, a defesa do deputado disse que "se limita a afirmar a mais absoluta inocência do Sr. Lucas Bove, que brevemente será devidamente comprovada nos autos".